“A
especialização sem limites culminou numa fragmentação crescente do horizonte
epistemológico. Chegamos a um ponto que o especialista se reduz àquele que, à
causa de saber cada vez mais sobre cada vez menos, termina por saber tudo sobre
o nada. (...)”.
Em nosso
sistema escolar, “ensina-se um saber fragmentado, que constitui um fator de
cegueira intelectual, que decreta a morte da vida e que revela uma razão
irracional. A ponto de o especialista não saber nem mesmo aquilo que acredita
saber. Essas “ilhas” epistemológicas, dogmática e criticamente ensinadas, são
ciumentamente mantidas por estes reservatórios ou silos de saber, que são as
instituições de ensino, muito mais preocupadas com a distribuição de suas
fatias de saber, de uma ração intelectual a alunos que não têm fome. (...)
É
por isso que o interdisciplinar provoca atitudes de medo e de recusa. Porque
constitui uma inovação. Todo o novo incomoda. Porque questiona o já adquirido,
o já instituído, o já fixado e o já aceito.”
(JAPIASSU, Hilton. A
questão da interdisciplinaridade. Revista
Paixão de Aprender. Secretaria Municipal de Educação, novembro, n°8, p.
48-55, 1994.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário