Como se percebe essa escola não tem referência de um
teórico, algo onde os professores possam se deter para realizar suas aulas. Na
reunião vimos o desespero de uma professora -Orquídea - falando que seus alunos
não acertam as atividades, que ela prepara excelentes aulas. Mas é visto que
ela trabalha com uma pedagogia diretiva, onde o professor é o detentor do
saber, somente ele fala e o aluno escuta, sem ter trocas de ideias. Passando
ainda a ideia de que os alunos não querem estudar.
Quando o aluno não é valorizado, principalmente
aquele conhecimento que ele trás consigo, ele fica muito desmotivado.
Percebemos pela fala da professora, onde ela fala “mesmo depois de ter repetido
varias vezes a explicação”, mostra-nos que ela trabalha da mesma forma, sem
buscar o novo. E o aluno deve apenas reproduzir aquilo que foi dito.
Nessa mesma escola, há outra professora – Margarida-
que relatou que já trabalhou como a professora Orquídea. Utilizando esse
método, mas agora utiliza desafios. A professora criou uma estratégia, para
fazer com que os alunos pensassem primeiro na resposta, individualmente e
depois discutem com o grande grupo. Ela trabalha com o construtivismo, lança um desafio, e o aluno precisa achar a
resposta, mas ao mesmo tempo, ela intervém, questionando sobre as suas
respostas, fazendo com que o aluno construa o seu conhecimento diante daquele
desafio.
O construtivismo ele precisa que o professor tenha
uma postura de saber bem, para discutir com a criança, fazer perguntas
inteligentes, questionamentos. E os objetivos desse construtivismo é a
diversificação das aprendizagens, oportunidades educacionais, promover
autonomia e solidariedade. Pois cada aluno é único, e necessita de respeitar o
seu ritmo e as escolhas de cada um.
Analisando a professora Rosa, percebe-se que ela
trabalha com uma pedagogia não diretiva, pois ela permite que seus alunos
tenham autonomia para decidir o que querem aprender, afirmando que eles
precisam de um ambiente que permita a expressão da sua criatividade. Além
disso, para ela é fundamental ouvir o aluno e suas dúvidas. Assim como Paulo
Freira 1991 “A partir do dialogo enfatiza-se a reflexão, a investigação e a
reorganização do conhecimento”. Onde o professor é presente na sala só para
esclarecer duvidas, e os alunos são responsáveis próprios conhecimentos.
O professor Cravo, que trabalha também na rede
privada, relatou que “o que ele ensina lá, não ensinar aqui”. Mostrando que os
alunos da rede pública não têm condições de aprender as mesmas coisas que os
alunos da rede privada. Mostrando que há uma desigualdade, onde somente o aluno
da rede privada pode ter acesso a diferentes conteúdos. Onde os materiais de
ensino são completamente diferentes, e seus conteúdos. Não levando em conta o
contexto de cada aluno e suas curiosidades de aprendizagens.
E finalizando a reunião, o diretor demonstra sua
aflição pelo aumento da indisciplina na escola. Pois, tem entrado em algumas
salas de aulas e têm visto muita bagunça. Relatou ainda que a escola sempre
exigiu que seus alunos soubessem “conteúdo e bom comportamento (ser
disciplinado)”.
Essa escola ela é uma mistura de pedagogias,
desenvolvidas pelos diferentes integrantes desse grupo, cada qual trabalha da
maneira que aprendeu, ou que acha que é mais correto.
O diretor ainda preza por uma escola autoritária,
onde o professor é a lei na sala e que os alunos devem respeito e obediência,
onde o aluno receba ordem e se mantenha disciplinado. Onde o estudante não tem
direito a se manifestar, e poder ser aluno. Além disso, é o detentor do saber,
o aluno é apenas uma tabua rasa, está na escola, pois não tem conhecimento de
“conteúdos”. Essa pedagogia diretiva, não produz nada novo, apenas quer formar
alunos que se digam que saibam cumprir “regras e obedecer”.
É uma escola não democrática, por que não há
liberdade e igualdade. Não tem participação de professores, funcionários e
alunos, para expor suas ideias. Há apenas uma regra e ela deve ser cumprida,
“ordem”. Não há incentivo à busca de seu próprio conhecimento. Para assim
pudessem desenvolver autonomia e controle pessoal.
Nessa reunião de professores, eles têm total
liberdade para falar de suas angústias (pelo menos em relação aos índices de
dificuldades dos alunos), todos relataram a sua forma de trabalho, e como estão
resolvendo situações de ensino aprendizagem. Mas ao que vê é que há não a
parceria direção e professores e orientação. O tema da reunião, então era –
Avaliação- e se encerrou em “comportamento”, perdendo todo o foco, que era
aprendizagem do aluno, em como descobrir qual a forma que ele aprende, virou um
regime autoritário, onde o aluno precisa obedecer e saber o conteúdo.
Deixou-se de lado, o aluno, que é centro da escola,
para um bom andamento escolar, os alunos devem ser prioridade. Na escola
deve-se ver quais são as causas das dificuldades, onde elas estão mais
gritantes, como estão sendo abordados os conteúdos e sua forma de avaliação. E
partindo disso buscar uma solução. Primeiro rever a proposta pedagógica da
escola, o que ela preza, como é a forma de aviação, e partindo disso buscar
alternativas, percebendo aonde estão errando, para que o aluno aprenda, mas que
aquilo que aprendeu sirva para alguma coisa, que o conhecimento seja
aproveitado pelo aluno, de sua curiosidade. Podendo assim ver se foram
alcançadas as metas planejadas.
A escola descrita lembra o tempo da maquinaria
escolar, onde os alunos eram preparados para obedecer e seguir regras. E que não precisavam fazer nada a mais que
isso. Eles “entravam” na escola sem
saber “nada” e deveria todos sair com o “mesmo” conhecimento. Onde o estudante
não tinha voz, e nem liberdade de expressão, deveria aceitar tudo como era e
sem ao mesmo poder participar com suas ideias.
Era como se todos os alunos entrassem em uma maquina
e saíssem no outro lado, formados e prontos para o trabalho. Nessa época e
escola era vista como preparação para o trabalho, onde os alunos que tinham
melhores condições estudavam em escolas particulares, eram formados para
“mandar”, e os alunos da rede pública eram formados para “obedecer”. Já havia
desde cedo à separação, e que cada aluno já era pré-destinado como seria o seu
futuro.
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia do
Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
LUCKESI, Cipriano Carlos. A
avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez,
2002
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia
da Educação – São Paulo: Ed. Cortez, 1994.
Projeto Político-Pedagógico da
EMEF Amorim Lima. Disponível em:
Projeto Pedagógico da Escola da
Ponte. Disponível em:
http://www.escoladaponte.com.pt/documen/projecto.pdf
ROSA,
S.S. Construtivismo e mudança. 8 ed. São Paulo, Cortez editora: 2002
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